Na atualidade vivemos numa sociedade que é sistematicamente confrontada com notícias sobre a manifestação de riscos, quer eles sejam naturais, antrópicos ou mistos, que põem em causa a sobrevivência e o quotidiano de populações, destroem comunidades ou afetam as suas infraestruturas e causam graves traumas sociais e psicológicos.

O rápido crescimento económico, a sociedade globalizada, a urbanização de áreas cada vez mais extensas, agravadas pelas mudanças climáticas, colocam uma crescente pressão sobre os territórios que, juntamente com o aumento demográfico ou os fortes movimentos migratórios, aumentam a exposição aos diferentes riscos e, consequentemente, a vulnerabilidade das populações.

A sociedade atual, caraterizada como uma sociedade de conhecimento e ancorada em plataformas de inovação científica e tecnológica, requer dos cidadãos múltiplas formas de intervenção. Contudo, conhecer e agir no paradigma da “sociedade de risco” exige novas competências pessoais, fundadoras de uma cidadania mais ativa, participativa e informada, que devem ser adquiridas desde o início do percurso escolar.

Nesse âmbito, foi publicado o Referencial de Educação para o Risco (RERisco), que foi produzido por uma equipa interdisciplinar constituída por elementos da Direção-Geral da Educação (DGE) e da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE), do Ministério da Educação e Ciência, e da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), do Ministério da Administração Interna, tendo sido aprovado por despacho do Sr. Secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, a de 28 de julho de 2015. O RERisco é um guia orientador, uma vez que contempla uma abordagem técnico-pedagógica que estabelece a ponte necessária entre a comunidade e a escola. Trata-se de um documento orientador para implementação desta área no Ensino, desde a Educação Pré-Escolar, aos Ensinos Básico e Secundário, que se propõem contribuir para a concretização da educação para o risco, no quadro da Educação para a Cidadania e Desenvolvimento, quer na sua dimensão transversal, quer no desenvolvimento de projetos e iniciativas que contribuam para a formação pessoal e social dos alunos e, ainda, na oferta de componentes curriculares complementares.

Com efeito, a educação constitui uma das mais importantes e poderosas ferramentas na construção de novos conceitos, na mudança de hábitos e no diálogo intergeracional. Desempenha, por isso, um papel basilar e estruturante na implementação de mecanismos que conduzem a cidadãos melhor preparados e a sociedades mais resilientes, contribuindo para a crescente consciencialização do risco e a perceção do perigo. Contudo, a promoção de uma cultura de segurança representa uma desafio transversal à sociedade, por envolver não só as comunidades escolar e científica, mas também os agentes e instituições de proteção civil e de emergência, e sobretudo cada cidadão, nas suas ações individuais e/ou coletivas

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